Há tarde que tal...

Algo, que não o sonho, me faz despertar. Feixes de luz que escapam da janela ondulam o mar de lençóis onde voga o meu corpo. É um êxtase de preguiça que me faz abandoná-lo ali à prol de vagos sentidos adormecidos. No embalo da rádio, adivinho as horas, o dia, o mês e o ano. Melhor... o dia da semana: é Sábado. Dou-me ao luxo de esboçar um espreguiçoso sorriso e acasulo-me mais ainda nos lençóis.
(...)
Janelas
vidros à chuva
palpa
escuta
sou eu
e a chuva
o frio
suspira
expira-me
à janela nua
e descreve
a mão no vidro
os dedos
o sentimento
pintura
transparente
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Ana RitaVaz Cruz@